Cotidiano

“Hay días que no sé lo que me pasa
Eu abro meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol”
– Vinicius de Moraes

Aprecio esta vida de molusco.

E se em vez de seres, objetos, corporalidades em geral, só enxergasse átomos?

Monetizar tudo o que se cria. Nem sempre dinheiro, frequentemente poder pela influência de audiência. Foi assim, já não?

Vida robô. Peço à assistente que toque uma música: hey Google, play… E depois o algoritmo por conta própria faz uma seleção sucessiva de temas que me agradam.  Nesta dimensão da inteligência artificial, nada a reclamar. Vida robô

Lo que nos ocupa es esa abuela, la conciencia que regula el mundo. Luis Alberto Spinetta

Quem sou eu na ordem das coisas? Quais ordens? A ordem do Eu sou.

Os bons, humanos ou não, realizam sua passagem no tempo que parece mais certo na avaliação de quem fica.

Dilema essencial da existência: Should I stay or should I go?

Entre os sinais de certa lucidez que identifico no frequente olhar retrospectivo de atitudes, pensamentos e desejos do meu passado próximo ou remoto, é a tomada de consciência do idiota que sempre nos habita.

Como siempre, la vida transcurre entre caricias de amor intercaladas de estupideces que pensamos, hablamos y escribimos repercutiendo nuestra mundana pertenencia.

“Los que no piensan, todo el tiempo van a estar muy aburridos de estar siempre en el mismo lugar”, dice el rockero David Lebón. “La persona que amas puede desaparecer…Los que están en la calle pueden desaparecer en la calle…Pero los dinosaurios van a desaparecer”, dice el rockero Charly García.  “No corras más, tu tiempo es hoy”, “No queda más que el viento”, dice el rockero  Luis Alberto Spinetta. “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, dice el rockero Raul Seixas.  “O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído “, dicen los rockeros Titãs. “Solo se trata de vivir”, dice el rockero Litto  Nebbia. No está mal.

No siempre se consigue inmunidad frente al ruido ajeno. Tanta gente haciendo esfuerzos notables para exponer públicamente  pensamientos sobre la política y su impacto vivencial. Y en medio a la satisfacción por supuesto logro comunicacional, ignoran la incomodidad estética de quienes observan con tristeza tamaña ausencia de timidez.

Quando uma forma de significar a vida nos preenche, valorizações correntes tendem a ser subordinadas, ou simplesmente ignoradas. A personagem se relativiza, desaparecemos dela, e nos tornamos estranhos ao ambiente antes entusiasticamente frequentado, para espanto, pena e saudades de antigas companhias.

Uno tiende a analizar procesos en que actúan fuerzas en sus trayectorias colectivas: movimientos y clases sociales, organizaciones gubernamentales o no, y aveces subestima la influencia de individualidades que construyen trayectorias navegando por esos mismos procesos orientados por ideas más o menos claras de lo que quieren para sí en este mundo. Y en los casos de personas que, a la vista de las mayorías, trascienden como ícones de cualquier expresión de deseos de identificación colectiva, las subsumimos en lo colectivo, aunque al final, se trata de gente que tiene suceso realizando sueños inscriptos en el cierne de su individualidad.

Não é saudosismo. A vida sempre continua. Mas quanta generosidade de tantas e tantos nos 60s e 70s, indo atrás do justo para além de patrias, patrões, patriarcas, matriarcas e sabedorias de ocasião.

El coronavirus explicita lo superfluo.

Existem necessidades, desejos, frustrações e inserções à lá carte para que seres humanos se amparem ou amontoem, às vezes com fraternidade, outras com letalidade. Mudam cenários e personagens, más foi e continuará sendo assim.

Na divulgação de algo que realizamos, notadamente nas redes sociais, há um componente de busca de reconhecimento. Em algumas ocasiões, as expressões utilizadas denotam uma certa desvalorização do próprio passado e seu entorno, dando a entender uma visão do tipo: olha onde cheguei, sendo que ninguém dava nada por mim. E assim, se condena ao nada quem se equiparava àquela condição e não chegou ao patamar pretensamente atingido. Fora dos construcionismos à la carte, ninguém, nunca, é nada, pouco, ou menos. Apenas é.

A fúria, o desejo, a ansiedade, o impulso de opinar. Ei, estou aqui! Penso assim sobre isso ou aquilo! Opino e logo existo. Opinar expõe ao previsível. Mas o silêncio imposto ou auto imposto é também opinião. A liberação vem do silêncio espontâneo. O silêncio que soa, the sound of silence.

Quando ouço Velvet Underground, especialmente Sweet Jane, a impressão é que as interpretações funcionam em modo de baixo consumo de energia. Tipo intimismo a base de susurros, como a fala lenta e sem altibaixos de Andy Warhol.

El tema que me habita es no desear nada, que intuyo como presagio de mucho.

Uno puede aprender a ser todo o un poco de todo lo que toca.

Cuando estamos emocionalmente dislocados, nos presentamos al mundo como un dibujo de nosotros mismos.

Trata-se de reflexão pautada na experiência individual, sem pretensões normativas. Considero o rock, em todas suas manifestações passadas e presentes, uma marca existencial insubstituível. Mas em termos de expressão musicalizada das complexidades universais do amor, boleros, samba canção e tangos (em ordem alfabética), são insuperáveis. Os amores rockeiros me soam como vida líquida (não é uma crítica). É que não considero superada a lógica dos grandes relatos da modernidade.

Frente a cosas que nos pasan más allá de que las busquemos, nuestras decisiones pueden profundizar, acelerando o retardando, algo que posiblemente ocurriría de cualquier forma. Hay que preguntarse, al querer rechazar, volver atrás o cambiar de rumbos, si es lo natural o si es mejor dejar que los astros resuelvan.

Um crítico musical do jornal Folha de São Paulo conferiu aos álbuns de Neil Young dos anos 70 o status de obras-primas. Fui verificar, paralisado estoicamente no streaming, e achei boas canções, mas sem sussurro ao ouvido: obra-prima. Do que já conhecia, lembro que Deja vu de Crosby, Stills, Nash & Young foi o mais parecido a uma “obra-prima”, e gostei de Harvest, de Young. Às vezes os críticos profissionais atribuem a gostos pessoais caráter universalista. O que seria una obra-prima para além das subjetividades de críticos com acesso a veículos públicos? Na minha solitária subjetividade, o álbum Artaud, de Luis Alberto Spinetta, é uma obra-prima.

Siguiendo mi interés por ese referente del rock argentino, leí “Martropía: conversaciones con Spinetta”, del periodista Juan Carlos Diez, publicado en 2006, que a lo largo de 5 años estableció un diálogo en que se entrelazan la convivencia cotidiana con reflexiones del entrevistado sobre innumerables temas más allá de la música. Preferiría no haberlo leído. No afectó mi gusto por el músico, pero sentí empequeñecer al individuo. Opinando sobre tantos temas variados, como por ejemplo la esencia de lo humano frente a otras especies, recordé el personaje Autodidacta de la novela de Sartre “La Nausea”, que leía por orden alfabética los libros de la biblioteca en la que su protagonista central, el historiador Antoine Roquentin, desarrollaba una investigación. Es el problema de querer extraer sabiduría universal de celebridades que brillan en campos artísticos particulares: se explicita lo banal que está en todos nosotros cuando seducidos a emitir opiniones generalistas.

Dane-se se for classificado como “politicamente incorreto”, más me dói nos olhos o espetáculo em espaços públicos durante dias úteis (trabalho, salas de espera, etc.) de adultos (geralmente robustos), vestindo uniforme cassual-cromagnon combinando bermuda, camiseta (às vezes regata), chinelo/tênis. Me sinto como se tivesse morrido e condenado a um purgatório de desfile eterno de Flintstones tardios.

Os exames cardiológicos não deram bem e a recomendação médica foi de repouso físico e mental. Mas se aproximava o final de ano e a Plataforma Sucupira/Sucuri cobrava implacavelmente indicadores de existência. Enfartou de madrugada atualizando o Lattes. Morreu na contramão atrapalhando a CAPES.

Quando situações adversas se apresentam, sociedades e indivíduos entram em Modo Crise, relaxando critérios de qualidade em função do bem mais preciado: um mínimo de previsibilidade. No plano da sociedade, resignam-se utopias frente a promessas vagas de paz e estabilidade. No plano individual, relações movidas pela irrupção do fascínio perdem para a busca de conforto desapaixonado de portos seguros. No Modo Crise, sociedades e indivíduos incorporam a lógica do ajuste, se empobrecem na adesão ao mínimo indispensável.

Vivir un gran amor no es un objetivo, llega aveces y nos hace felices, o no llega nunca y eso no es una carencia. Quieres realizar cosas en el trabajo, o tener otro tipo de trabajo, haciendo lo mejor que consigues, y sos efímeramente feliz cuando se realiza, pero no irremediablemente infeliz cuando no, porque está lo que no depende de vos, al final es apenas una profesión. También están los demás, que aveces tienes que aguantar, pero si quieres los borras de tu intimidad. Puedes vivir en paz cuando no necesitas nada que no esté a tu alcance.

Nos últimos tempos, tenho percebido crescente presença, especialmente na política, de seres unicelulares.

Ficaram e/ou se sentem nus, e em meio à indignação geral, como raiva contra tudo, todos e todas, infiltrou-se o ruído intenso de uma pulsão fascista.

En 1967, Guy Debord publicó su manifiesto situacionista “La sociedad del espectáculo”. No sé si lo leyó, pero en 1973 el rockero argentino Moris grabó “Muchacho del Taller y la Oficina”, en que decía: “Y tu ídolo recostado en la pileta, te regala la alegría de vivir”.

Na minha jornada neste mundo, estou menos para o Ser e mais para o Nada: temo transcorrer sem ter nunca sido convidado para a ilha de Caras.

Volta a casa em 5 horas de ônibus Cometa SP-Araraquara, mas ao menos posso ouvir Crosby, Stills, Nash & Young me lembrando: “Our house is a very, very fine house . With two cats in the yard. Life used to be so hard. Now everything is easy. ‘Cause of you”

Quando acaba a novidade vem o incómodo, como ocorre com paisagens cotidianas na Matrix nos convidando a abraçar o ser global. Vamos comprar um livro e nos deparamos com “profissionais da leitura” de livraria em rede. Em vez de ficar confortavelmente em casa desfrutando desse prazer introspectivo, preferem expor-se, com olhar de intelectual entediado pela banalidade do mundo, em poltronas da Livraria Cultura, El Ateneo, Barnes & Noble…contando com oportuno registro da sua inteligência artificial em redes sociais. Ou o grupo habitual da terceira idade e simpatizantes praticando Tai Chi nas praças, esboçando um leve sorriso de quem exercita “la vida sana” em vez de “la vida loca”, na expectativa de prolongar indefinidamente uma existência algorítmica. E os anunciados territórios livres à criatividade nos aparentemente desregrados ambientes de trabalho da multinacional Google, onde o proletário flexível vende suas horas na esperança de inventar o aplicativo que o projete ao patamar de sucesso do seu patrão biopolítico. Certamente um olhar mais agudo que o meu poderá flagrar-me em comportamentos equivalentes. Mas não tem nada não, é mais fácil perceber a palha no olho alheio.

En tiempos de exposiciones instantáneas y líquidas, un ponderado perfil bajo puede revelarse el mejor aliado, porque nunca está demás aquella frase de Juan Domingo Perón: “Del único lugar que no se vuelve es del ridículo”.
Que no se subestime la agudeza analítica de liderazgos políticos. La intuición del expresidente argentino de alguna forma anticipó la complejidad de la noción de lugar. Tiempos después, el filósofo Marc Augé utilizó el término “no-lugar” para referirse a lugares transitorios propios de la aceleración espacio-tiempo de la globalización. Por esas y otras, cuidado: de lo ridículo no se vuelve, porque permanece estampado en un lugar.

Como se não bastasse, na maré local, regional e internacional de sem-vergonhas no espetáculo da política, avança uma promissora subcategoria: sem-vergonhas medíocres.

Parece abundante e generalizada a vocação espontânea a servir de massa de manobra/inocente útil (irrompeu no mundo cantando “Born to be wild” e se resignou a ser bucha de canhão entoando “A Marselhesa”).

Fragmento de Iluminações, de Arthur Rimbaud: “Este veneno há de permanecer em todas as nossas veias mesmo quando, ao ir-se a fanfarra, sejamos entregues a antiga desarmonia. Ó presente nós tão dignos destas torturas! Recolhamos ardorosamente esta promessa, esta demência! A elegância, a ciência, a violência! Prometeram-nos enterrar na sombra da árvore do bem e do mal, banir as honestidades tirânicas, para que introduzíssemos nosso muito puro amor. Isto começou com alguns desgostos e acabou, — não podendo arrebatar-nos imediatamente desta eternidade, — isto acabou numa debandada de perfumes … Eis o tempo dos Assassinos”.

Epitafios tangueros que caben como horma de muchos zapatos: Vivió sintiendo “la vergüenza de haber sido y el dolor de ya no ser” “La muerte fue un desliz en su rutina” Solía decir “toda mi vida es el ayer que me detiene en el pasado” “En las hojas de tu viejo novelón, te ves sin fuerza palpitar” “Nos sale a saludar la gente linda. Y loco, pero tuyo, ¡qué sé yo! … Quereme así, piantao, piantao, piantao” Entre tanto fantoche, ¿adonde se fue la gente linda?

El triunfo electoral de Trump el bruto generó un efecto colateral curioso. Destituyó del pedestal de infalibilidad previamente anunciada a sabiondos de Relaciones Internacionales, Economía y Ciencia Política con maniquí Ken/Barbie y certificado ISO-Davos grabado en la frente.

A autoimagem projetada por quem está no comando diz muito sobre seu universo de referência. Madeleine Albright, Secretária de Estado de Clinton, comparou Estados Unidos com uma águia, que voa mais alto e vê com maior clareza que os demais o que é melhor para o mundo. America First de Donald Trump coloca Estados Unidos como um dos tantos disputando fatias do bolo mundial. Para quem por ideologia (esquerda ou direita), nacionalismo, religião, civilização…se posiciona em polo antagônico a Estados Unidos, a chegada de Trump abriu uma brecha (por quanto tempo?).

Cuando la maestra me cuestionó en el colegio mi boletín lleno de aplazos, apenas canté en voz baja: “Es que nunca comprenderás, a un pobre pibe”.

Em tempos de escalada de violência nas margens da lei e a ordem, cabe afirmar que o lúmpen é uma excrescência de sociedades estruturalmente excludentes. Não gosto de lúmpen que se assume estrategicamente como expressão de modo de vida. Menos ainda da glamourização e exaltação intelectual do lúmpen desde postos em empregos públicos com estabilidade e aposentadoria garantida, de quem é ciente de antemão que nunca provará desse cálice. Lúmpen é uma das formas de maximização predatória e ilimitada de interesses sem preocupações de classe, raça, gênero, ambiente, vida. É a barbarie como método de sobrevivência ou ascensão social, projeção de lumpenproletariados e lumpenburguesias, oportunos companheiros do fascismo.

Atualidade de Arthur Rimbaud e Uma temporada no Inferno: “A mão que escreve é a mesma que lavra. — Que século de mãos! — Jamais terei mão. Além do mais, a domesticidade leva muito longe”. Hoje a mão escreve, lavra, digita, seleciona, copia, recorta, cola e distribui filosofia de vida enviando emojis. O presunçoso Steve Jobs publicitava a substituição do teclado físico no seu “telefone inteligente” anunciando “O mundo na palma da mão”. Diria Rimbaud: A domesticidade nos levou a um novo século de mãos!

A no ser que se trate de disputa de ideas con repercusiones políticas o científicas en espacios colectivos, prestarle atención a individuos de visiones sesgadas y doctrinarias que se cruzan en el cotidiano nos atrasa. Terminamos consumiendo tiempo y energía argumentando sobre lo obvio.

Entre o mundo cão e o mundo boçal. Tempos tristes, de exaltação troglodita de orgulhos por tonalidades de pele, sexualidades, adesões doutrinarias, crenças, origens e demais territorialidades construídas como consolo de angústias e solidões existenciais. A pré-história se repete. Pena de quem se orgulha da fantasia que inventa para sobreviver. (Nada contra trogloditas originários e seu modo de vida cavernícola).

Transformando el emprendedurismo en un “no lugar” (o entre el espíritu del capitalismo de Max Weber y el derecho a la pereza de Paul Lafargue). En entrevista a El País, Boris Groys afirmó que en la antigua Unión Soviética había más libertad que en los países capitalistas, ¿a qué libertad se refería?: “La única libertad que de verdad cuenta es la de ser libres del trabajo. Y en los países comunistas gobernaba una burocracia que, por lo menos ésa fue mi experiencia, era bastante floja. Así que te podías escaquear con facilidad. Nadie puede escapar, en cambio, de las redes del mercado. Al mercado no puedes engañarlo porque dependes de él, del dinero que te proporciona para vivir. Hay una idea falsa en Occidente y es que la vida está llena de deseos. Pero si de verdad a alguien lo liberas de sus obligaciones, se va a dormir. La verdadera libertad es no trabajar. Por eso había tanta libertad en los países comunistas, porque nadie daba ni golpe. Y por eso hay tan poca en un mundo dominado por el mercado”.

Na volta após alguns dias fora, lembro sempre do Chico Buarque: A casa está bonita, a dona está demais…

“A vingança é a origem das leis”. Descobrindo Jorge Mautner (já estava na hora, ou melhor dito, só agora devo estar minimamente preparado)

“Ayer nomás, había una chica en mi cuarto y la besé sin fundamento. Hoy ya la chica ya no está”.  Moris y Pipo Lernoud, 1967. Tiempos aquellos en que robar besos nos hacía sentir transgresores.

Letras de boleros, samba canção, tangos, frequentemente trazem sentenças que condensam sentimentos imunes a tempo e lugar,  como a que diz “contigo aprendi…que puedo irme mañana de este mundo,  las cosas buenas ya contigo las viví”.

Con Pokémon, aumentó exponencialmente el ejército de walking dead circulando por las calles con la mirada fija e imperturbable en pantalla sostenida en una de sus manos. Por ahora parece que no se distraen con instintos peligrosos.

160 años del nacimiento de George Bernard Shaw. En tiempos en que abunda el insulto gratuito, vale recordar una anécdota al respecto del escritor irlandés. Entre su correspondencia, encontró cierta vez una carta sin remitente en que alguien escribió apenas la palabra “IMBÉCIL”. Sin demostrar sorpresa, comentó con su secretario: “En mi vida he recibido muchas cartas sin firma, pero esta es la primera vez que recibo una firma sin carta”.

No Fantasma da Liberdade, Luis Buñuel posiciona um atirador no alto de um prédio alvejando transeuntes anônimos. Como nos bombardeios aéreos contra cidades, nos atentados contra civis ou os formigueiros pisoteados por crianças curiosas e ociosas: um coletivo de pequenos seres esmagados sem remorso. Do lado de baixo, a tragédia dos inocentes. Estar no lugar errado, na hora errada, à mercê do “adulto” com poder para decidir sobre o “bem comum”. Destino de bomba, destino de drone, de quem nos vê como formigas desde o céu imaginário do deus que inventou.

Virginia Woolf, escritora e crítica literária reconhecida e respeitada por seus contemporâneos, parte da elite intelectual inglesa da primeira metade do século XX, identificada com o grupo de Bloomsbury, notório pela irreverência e o deboche da moralidade vitoriana, deixou entrever no seu Diário um sentimento de inveja. Prisioneira do preconceito, ressentiu-se com a repercussão alcançada pelo romance Ulisses, de James Joyce, escritor irlandês de família humilde, a quem chamou de “desagradavelmente pretensioso” e “vulgar não apenas no sentido obvio, más no sentido literário”. Nenhum dos dois poderia mudar seu status social original, nem o entorno em que se criaram, apenas fazer sua própria história. Também não controlariam o reconhecimento dos outros, incapaz de alterar o que ambos eram capazes de realizar. Apesar de todos seus atributos, Virginia Woolf revelou incômodo com a notoriedade de James Joyce.

Sentimiento de estos tiempos, algo parecido a Malevaje, de Carlos Gardel: “No me has dejao ni el pucho en la oreja de aquel pasao malevo y feroz… ¡Ya no me falta pa’ completar más que ir a misa e hincarme a rezar!”

Na propaganda de reformas econômicas de mercado, há um enaltecimento do empreendedor, expoente por excelência do espírito capitalista weberiano. A existência é finita, e se tivesse que escrever um verbete em dicionário alternativo sobre o sentido da vida, definiria o empreendedor como “inocente full time a serviço do capital”.

Não acredito em utopias, invenções de “visionários (as)” desejosos de aprisionar o futuro entre quatro paredes. Acredito no rock and roll, maior revolução cultural libertária dos últimos 60 anos.

Charles Aznavour em espanhol, “Venecia sin ti”, foi quando ouvi pela primeira vez, depois conheci a versão em francês “Que c’ est triste Venise”, e não sei porque cargas d’água quando penso em português me vem “cê tá triste Denise?”

Leyendo sobre el entusiasmo de quienes se regocijan con su peregrinación a las reuniones anuales en Davos al encuentro de sus gurús, me acordé de María Elena Walsh y su vals de Los Ejecutivos.

Mis padres y amigos no lo podían creer. ¿Terminar con una chica tan encantadora, bonita e inteligente? Nunca sabrán, así como ella, el verdadero motivo: no me gustó su bombacha. Si bien la economía nos limita, elegimos lo que vestimos, reflejando en un espejo imaginario el modelo que deseamos proyectar. Pensé en ella mirando revistas y páginas de internet con fotos de famosas en ropa interior, recorriendo vidrieras, entrando en probadores, hasta comprar aquella pieza en que creyó expresarse su estilo de mujer. No era así que yo la veía. Desconcertada con mi rompimiento repentino, ¿cómo decirle que no me gustó su bombacha?

A cada comienzo de año, tres sentencias en la mirada al pasado, ni malas ni buenas, apenas constatación: “Ligero de equipaje” (Retrato, de Antonio Machado), porque con esa crueldad impensada de la adolescencia, “Uno se despide insensiblemente de pequeñas cosas” (Canción de las simples cosas, de Armando Tejada Gomez y Juan Fernando Velasco), y nos endurecemos, aunque deseando no “perder la ternura jamás” (Ernesto Guevara).

Com toda esta situação nacional, regional e internacional, meu consolo é que “não existe pecado do lado de baixo do Equador”. Malgrado o excesso de “napoleões retintos”, “voy por la vereda tropical”.

Nostalgias escuchando boleros. La conocí en La Habana, verano de 1999. Peruana, alrededor de 70 años, me contaba mientras cenábamos en el hotel Kohly sobre sus tiempos en Nicaragua, adonde se mudó cuando triunfó la revolución sandinista, por ideología y atrás de un gran amor. En medio a confidencias de la sobremesa dijo algo así: “quería que en mi funeral tocaran una música cursi … tipo el bolero Siboney”.

Para un ser elemental como yo, letras de tango anuncian verdades fundamentales: “Cuesta abajo en mi rodada” vale para quien cree que el sentido de la vida es una permanente búsqueda de logros “ascendentes”, hasta el “último acto de la comedia”.

Na sequência do ciclo “neoliberal”, vem o esgotamento do ciclo “neodesenvolvimentista”. Quem sabe entramos numa era mais honesta, sem receio de assumir nomes, liberais, socialistas… “Neo”, como o personagem da ficção, é para quem vive ou quer nos circunscrever a um mundo matrix.

Em contextos de transição e emergência de novos atores e poderes, independentemente de invocações político-ideológicas, religiosas ou civilizacionais, não perdem atualidade as advertências de Robert Michels e Karl Marx sobre a lei de bronze da oligarquia e a acumulação primitiva do capital.

Por las noticias parece que el mundo se acaba. ¡Pero solo consigo pensar en abrir una Cava!

Últimamente, cada vez que viajo a Buenos Aires, Gardel martilla en mi cabeza: Volver, con la frente marchita, las nieves del tiempo platearon mi sien (¡y cuando una chica me mira, en el colectivo o el subte, acto seguido escucho “siéntese señor!”).

E aqui estamos nós, de todas as ideologias e crenças, aparecendo voluntariamente em Facebook, espaço inventado pelo ianque Marcos Zuckerberg em 2004, aos vinte anos, ainda estudante de graduação em Harvard. Saravá para ele e ponto de interrogação para o resto. Um bom exemplo de soft power.

Río abajo voy llevando la jangada, Felipe Varela, Sapo de la noche, Sapo cancionero, Angélica, cuando te nombro…Los inolvidables Fronterizos, tenemos todo de lo mejor en Nuestra América, no nos traigan conflictos de diez siglos atrás. Como escribió Pablo Neruda en el Libro de las Preguntas: ¿Cuantas iglesias tiene el cielo? Mi cielo no tiene ninguna, pero no se lo quiero imponer a nadie, y por favor no jodan con sus cielos.

Quem disse que as amizades de verão tendem a não prosperar? Tenho dois amigos que revejo com grande alegria e prazer todo verão, um português e um espanhol, irmãos gêmeos e vizinhos a cada lado da fronteira, Alvarinho e Albariño.

Mi última noche de hambre porque se me acabó la plata y no tenía trabajo fue en mayo de 1979, en São Paulo. Unas amigas me invitaron al cine sin imaginar que antes de ir raspé un arroz viejo en una olla. Me llenó y engañó el estómago. Así pude disfrutar de la película de Woody Allen cuyo nombre no me acuerdo en el cine Bijou de la Praça Roosevelt.

“Por ese cachivache”, “cruel en el cartel”…varones porteños despechados por darle abrigo en su pieza de pensión a mujeres que después siguieron su propio camino.

Parte substancial das desgraças do mundo se origina das ações de aqueles e aquelas que se levam demasiado a sério, tornando sua efêmera existência um campo de batalha de tudo ou nada para instalar uma inerentemente limitada utopia do bem e do mal. Utopias dão trabalho, sou pelo direito à preguiça.

Equivalências idiomáticas de verão para responder a quem nos chama a assumir “responsabilidades”: tô nem aí; me importa un carajo; I don’t give a shit. A questão é que me sinto assim o ano inteiro.

Preocupado con la violencia en el mundo, me inspiré en el tango Chorra y contraté un profesor de cachiporra.

Nas manifestações em São Paulo contra o aumento das tarifas de transporte, a imprensa insiste na presença de Vândalos, mas esquecem dos Visigodos, Ostrogodos, Francos, Lombardos, Hunos…Porque quando há violência nas ruas sempre jogam a culpa só nos Vândalos?

Festas de fim de ano são pleno coração de estudante, generosidade sem limites aos afetos e um implacável “vete de mi” aos desafetos.

Concluo que passam os anos e vou de vasilhame em vasilhame, com rótulos de diversas cores e denominações de origem, mas sempre vasilhames, eternamente engarrafado. Na Argentina eram Envases. De envase en envase, siempre embotellado.

“Si luchaste por un mundo mejor y te gustan esos raros peinados nuevos”, ¿cómo elogiar esos tipos y tipas tan parecidos a aquellos amigos (o patrones) gorilas de tu papá?

As grandes potências do autodenominado “ocidente”, que desde o século XVI, com inclusões e exclusões de acordo com a emergência e declínio de alguns, tentam desenhar e redesenhar o mundo, nos convocam de tempos em tempos a comprarmos suas brigas em nome de eventual e oportuna dicotomia “civilização ou barbárie”. O alvo da hora é o também civilizacional Oriente Médio. A América Latina se manter a margem de qualquer “choque de civilizações” já é uma grande delimitação estratégica: Nem fiéis, infiéis ou cruzados. Apenas seculares.

A palavra “orgulho” me incomoda. Especialmente quando ouço ou leio alguém introduzindo a palavra “orgulho” no enaltecimento de ser o que é ou acha que é, da sua cor de pele, religião, território de moradia e/ou nascimento, sua família, seu partido político, sexualidade etc. etc. Me faz pensar em fascismo. Porque hierarquizar a pluralidade?

Fiel a la filosofía de Pappo, relativizo en las expectativas cotidianas el miedo a la tragedia y la euforia de la comedia: “;el hombre suburbano sigue su rutina, sin darse cuenta de que su vida terminará”.

As “guerras” em redes sociais, especialmente em épocas eleitorais, têm seu lado psicológico gratificante. Você solta os cachorros no eventual ou habitual desafeto e se sente bem. Claro que prefiro experiências de prazer imediatas e fisicamente palpáveis, para mencionar uma entre as várias sobejamente conhecidas, desejadas e praticadas, a descrita por Charly Garcia de “comer un bife y sentirme bien”.

7 de setembro no Brasil, festejo os veneráveis impuros que tornaram este país a delícia de ser o que é. Perante assexuados, abstêmios, “justos” e “puros” auto-ressumidos a uma sagrada escritura, ascendo um puro (“impuro”) cubano e lembro da poesia de Nicolás Guillen, Digo que no soy un hombre puro: http://www.fguillen.cult.cu/guigale/074.htm

Tem gente cuja vida parece limitar-se a uma pauta de reivindicações. Tem gente cuja vida parece limitar-se a uma busca constante e com lupa de contenciosos. Tem gente cuja vida parece limitar-se a sentenças esculpidas em pedra imitando mandamentos bíblicos. Como bem expressa o bolero: “Vete de mí”.

Cuando escucho el Blues de Santa Fe de Pappo pienso en Venado Tuerto, Firmat, Amenábar y claro, Rufino, donde, doy fe, he atestiguado en los años 60 lo que hoy llaman americanizadamente de delivery. Como olvidar el cotidiano desfile por la Avenida Cobo de bicicletas y sulquis de la verdulería Perera, el lechero Apa, el panadero Solezi, encomiendas de Buenos Aires con puros cubanos, vinos, colecciones de libros, discos… para atender exigentes pedidos del severo bon vivant domiciliado en el piso 4ª del edificio Horizonte, mi abuelo materno Luis Diez Dourneau.

Refugios de la modernidad líquida: “La casa es del tamaño del mundo; mejor dicho, es el mundo” (Jorge Luis Borges, La casa de Asterión) y “No avives a los giles que después se te ponen en contra” (Carlos Gardel), que corran atrás de sus vanas ambiciones y pálidas vidas, “fábula maldita la que narra, que murió de frío la cigarra” (Pedro y Pablo).

Tantos años desde que leí “El Aleph” de Borges que no consigo explicar porque cuando escucho el tango “Nada” pienso en ese cuento y en Buenos Aires como un mundo en sí mismo. Rio de Janeiro también me parece un mundo en sí mismo, São Paulo no, todavía no, no sé bien porque, pura especulación, pero que sería de la vida sin especulación…

ISO, Qualis… espanta essa vocação para o carimbo em vidas curtas e incertas sobre o que vem após… Me diagnosticaram generosamente 90 anos de vida, mas passei os últimos 40 priorizando reuniões para definir e aplicar critérios de obtenção de carimbos de reconhecimento de instituições compostas por pessoas que em sua maioria nem conheço.

La magia de Pablo Neruda con las palabras. Para que emitir un maleducado “porque no te callas”, si se puede expresar exactamente lo mismo diciendo dulcemente “me gustas cuando callas porque estás como ausente”.

Depois da separação, Ringo ensaiou interpretações ao estilo Frank Sinatra. Paul se esforçou em mostrar que musicalmente era ele a alma dos Beatles. George insistiu no culto ao Hare Krishina. John descobriu a luta de classes exaltando o “working class hero” e exigindo “;power to the people”. Um auditório mundial desmaterializou seu cotidiano e imaginou viver como próprio o relato de vida dos 4 de Liverpool.

Profético Charly Garcia cuando cantó en la Argentina de 1983 que los amigos del barrio, las personas que amamos, pueden desaparecer, pero los dinosaurios, van a desaparecer. Ciertamente hay que tener paciencia y perseverancia, sin embargo, ya perdí la cuenta de los dinosaurios de la política latinoamericana que vienen desapareciendo desde los años 1980. Enhorabuena!

“Rutas argentinas” de Almendra, “Blues del éxodo” de Pedro y Pablo. Viviendo utopías lejos de las capitales en la Argentina profunda de los años 1970.

Atingir momentos de plenitude. Há inúmeros exemplos de plenitude alcançada no corpo e na mente. Nem precisa enumerar. Hoje atingi a plenitude do arroz, feijão, carne seca, paio, calabresa, farofa, pimenta…Pensei “Brasil, ame-o ou deixe-o”, mas lembrei da ditadura. Pensei “pra frente Brasil”, e novamente lembrei da ditadura, então conclui no mais consensual “vamo-que- vamo”.

Não gosto do culto à figura do malandro. Seja o carioca da MPB ou do tango portenho. Sempre se remetendo ao “otario” com grana que rouba a “mina” que ele tinha conquistado com a “pinta e a lábia”, mas a “mina” escolheu o ricaço e sobram ao malandro os trejeitos e a verborragia de “cara esperto”. Quem é o otario nessa lógica pedestre de custo-benefício? A “malandragem” é um dos mecanismos de mascaramento de complexos de inferioridade frente a uma vida medíocre, substituindo o questionamento da sua condição por uma esperteza de insignificantes golpes que tiram vantagens de um “otario” que nem toma conhecimento.

20 anos da irrupção pública dos Zapatistas. Lembro da palavra de ordem sobre as relações de Poder: mandar obedeciendo. Prefiro algo mais libertário: ni mandar ni obedecer a nadie jamás.

Este fim de ano é Frank Sinatra, como a lembrança dos adultos que observava em reuniões familiares, conversando sobre “Um homem e uma mulher”, filme do momento. Eram mais novos do que sou agora. A morte de Sinatra me impactou mais que a de John Lennon, não por afinidade musical ou existencial, mas porque marcou um fim de época, mudança de geração. Definitivamente percebi que o adulto era eu.

Consumí todo lo que conseguí comprar. Sobró mi insoportable y depresiva superficialidad.

El único sermón que me parece aceptable es el sermón de vino (aquel que reconoce honestamente el fracaso y la condena).

Longas filas para estar entre os primeiros a possuir o último modelo de smartphone, culto ao megaempresário das maçãs digitais transformado em mártir/monge a nos mostrar o caminho. Como diria alguém do século XIX “fetichismo da mercadoria”.

Como responderiam Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda ou Celso Furtado a um eventual sinhozinho institucional estadual federal que lhes cobrasse a menor pontuação dos seus livros com relação a artigos em revistas “qualis”, convocando-os a priorizar artigos em detrimento de livros?
a) Caetanear: caminhando contra o vento sem qualis sem documento
b) Djavanear: e o meu jardim da vida ressecou, morreu
c) Como americano não americanizado: qualis who?
d) Como Garrincha: combinou com quem fora da província?
e) Como anti-imperialista: no se puede ser más papista que el Papa
f) Como a voz do morro: não deixe o samba morrer…

Frecuentemente uno lee en homenajes póstumos o biografías el elogio: “era amante del buen vino”. ¿Existirá por acaso una categoría de amantes del vino malo?

Fuera de los lugares comunes sobre el tango y el machismo, uno ve letras que nos hablan de los hombres puente, por donde atraviesan mujeres rumbo a un mundo mejor (para ellas), pero que necesitan un refugio, la piecita de pensión, donde llegan humildes con su tapado marrón y se recomponen hasta el día en que le dicen, “ya no hay nada entre los dos”. Pero él sufre porque le dio un hogar, y ahora la ve “cruel en el cartel”. Entre tantas cosas, el tango habla también de hombres puente de mujeres que están de paso hacia su realización…

Sobresaliste, al menos para mí, entre la gente que estuvo en el acto del sábado. Alta, más de 60 años, sonriente, buena onda, el teñido del pelo vencido hace unos días, bermuda de pantalón de hombre, gris, de sarga, apenas cortado con tijera, sin ruedo. Como si no te importara la apariencia, la moda, o al contrario te importa al punto de crear tu propia moda para impresionar el público que fuiste seleccionando a lo largo de tu vida. Da lo mismo. Apenas pensé: “que figuras notables nos legaron los años 70”.

Numa América Latina de raízes constitucionais laicas, governada atualmente por expoentes de gerações influenciadas pelo existencialismo do pós-Segunda Guerra e as diversas vertentes da contracultura dos anos 60, não deixa de causar estranheza a resignação (convicta, pragmática, não importa) de chefes ou aspirantes ao Poder Executivo que enaltecem um Papa argentino pela denominação de origem ou invocam bênçãos de um líder morto assobiadas por um passarinho venezuelano numa igreja. Rir até chorar, ou como na canção Bastidores do Chico Buarque: “chorei, chorei, até ficar com dó de mim”.

Gosto do Facebook: aflora sem tanta censura o “sujeitinho à toa” que, ao menos eu, para não generalizar, carrego. Uma especie de espaço virtual de intervalos “sin pena ni gloria”.

Queiramos ou não, somos caricaturizados em narrativas de outros. A questão é se ou como internalizamos essas caricaturas na construção da nossa narrativa.

Ler jornais, revistas, assistir na TV ou ouvir no rádio programas jornalísticos é sempre um prazer quando nos trazem informações e análises inteligentes, independentemente se favoráveis ou contrárias às nossas convicções políticas ou visões de mundo. O problema é o marketing, a propaganda, a favor ou contra o que for, porque essencialmente e deliberadamente se subestima a nossa inteligência.

Transição modernidade-pós-modernidade: do comprometido dever-ser ao psicanalítico “essa crença te serve, te ajuda? Vai em frente”.

“Não me olhe, como se a polícia, andasse atrás de mim”. Tão gráfica essa imagem criada pelo Caetano Veloso! Lembro dos anos 70, quando ela se repetia em tantas e diferentes ocasiões.

Como são complexas as relações amorosas duradouras, com seus recorrentes “finais inevitáveis e irreconciliáveis” e os recorrentes recomeços como se nada tivesse acontecido. Talvez por isso sejam duradouras!!

Como dizia Eric Hobsbawm, “O verdadeiro problema não é querer um mundo melhor: é acreditar na utopia de um mundo perfeito”. Por isso, que o 2013 nos afaste cada vez mais dos seres que se levam demasiado a sério, liberando-nos do convívio com suas patéticas (e muitas vezes trágicas) grandiloquências.

Una constatación transversal que atraviesa las dicotomías Este-Oeste, Norte-Sur, Izquierda-Derecha, 1°-2°- 3° mundo, burgueses-proletarios, incluidos–excluidos, etc. etc.: hay boludos/as mediocrizando la vida en todas partes y en todas las categorías imaginables.

Há dias em que pensamos em tantas e tantos que se foram, e a vida que continua, como lembra Silvio Rodriguez, também cantado por Chico Buarque, “soy feliz, soy un hombre feliz, y quiero, que me perdonen, por este día, los muertos de mi felicidad”.

Si se trata de elegir, prefiero un mundo viviendo entre el equilibrio dinámico Ying y Yang de que movido por la implacable lucha de clases.

Frustración: no haber conocido a Malena para poder consolarla cuando se ponía triste con el alcohol.

Adiós muchacho; Nunca tuvo novio pobrecita; Hoy vas a entrar en mi pasado; Nada nada queda en tu casa natal; El último café; No habrá ninguna igual… Tanguera filosofía de lo definitivo, al sur, en el Plata, en casa.

Frente aos paraísos artificiais de Baudelaire e Alan Poe, e as viagens sem retorno de Jim Morrison, Janis Joplin …, nada melhor que o nirvana latino-americano do Malbec e o Cohiba!

Uno vive anunciando su condición postnacional y de repente una simple antigua canción escuchada al azar nos trae el barrio, la ciudad, la nación. ¡Cuánta contradicción! ¡Cuanta complejidad!

En viaje a la Argentina, durante el vuelo São Paulo-Buenos Aires, conocí una pareja de estadounidenses, ambos funcionarios retirados del gobierno. El utilizaba el servicio de silla de ruedas de la compañía para subir y bajar del avión, y recordaba su última misión en el país, final de 2001, plena crisis del corralito, describiendo su vergüenza cuando tenía que pagar tan barato en dólares sus viajes en taxi y los deliciosos bifes en la parrilla “Años Locos” de la costanera. Me acordé de un viaje a Cuba en 1999, cuando compartí el almuerzo con un escandinavo, no me acuerdo de que país, que al saber que era argentino me mostró su carné de obrero metalúrgico en una empresa de Córdoba a principios de los 70. Atraído por la radicalización política posterior al Cordobazo, se fue para allá. Cada uno con su opuesta posición política, ambos motivados por las apuestas radicales que marcaron las últimas décadas de la Argentina.

A crescente expansão da vida líquida complica minha existência de molusco.

Estamos vivos enquanto procuramos e provamos aquilo que a nossa subjetiva curiosidade sugere.

Não me coloco como quem nunca fez isso, mas vejo um componente de resignação no ato de se locomover desde o espaço privado para manifestar-se como parte de uma plateia, paga ou gratuita, num show, palestra, debate, ato público, passeata. Resignação com a ideia de que apenas sobrou o protagonismo de manada.

Se voltasse ao presente com algumas das pré-noções que tinha 30 anos atrás e olhasse para alguém como eu ensimesmado nos meios de comunicação, assistindo concertos de rock enquanto navega no facebook e responde e-mails pensaria: “que boludo alienado”. Mas hoje vejo assim: “it ́s only rock and roll but I like it”.

Cuando estamos “de vuelta”, como agota la paciencia soportar a “pícaros (as)” que vienen de ida. Sería el caso de ser comprensivos y pedagógicos, substituyendo las agruras del momento por un juicioso estímulo al aprendizaje. Pero hay situaciones en que el individualismo tipo “no avives giles que se te ponen en contra” es más que merecido.

Creo que pasó en 1968, fui a la disquería y el vendedor me recomendó a Manal y Vox Dei, pero yo compré un disco de Pintura Fresca, grupo de moda en la época. Demoré unos dos años para apreciar Manal y Vox Dei. ¿Tiempo perdido? No, cada uno con sus aprendizajes necesarios, sin reglas ni plazos. Hoy me acordé de ese día escuchando a Manal y Vox Dei. ¿Que habrá sido de Pintura Fresca?

Cuando uno se pregunta cada vez menos ¿por qué? y cada vez más ¿para que? ¿Será el cansancio, los años, la indiferencia, el abandono, estar de vuelta, cálculo oportunista, balance de una vida banal, serenidad, resignación, ausencia de expectativas, plenitud, arrogancia, final de juego, sabiduría, paz de espíritu, falta de ambición, derrotismo, elitismo, depresión…? ¿Para que continuar la lista?

A “vida” me tornou tão politicamente incorreto que quando vem a parte de “As time goes by” em que diz “a case of Do or Die” me vem a mente a tradução livre do meu Brasil brasileiro “um caso de dá ou desce”.

Em “Solar”, de Ian McEwan, Michael Berd explica o amor de mulheres jovens por homens mais velhos: “companheiros melhores, amantes experimentados, conheciam o mundo, se conheciam…controlavam suas emoções. Haviam lido mais, visto mais, eram mais amigos, mais carinhosos, menos chegados às fanfarronadas, mais tolerantes, menos violentos…sabiam escolher os vinhos. Tinham mais dinheiro.” Só que nunca menciona a palavra atração.

Fue el 31/12/1977, iba de ómnibus para la reunión familiar de año nuevo, y subió una chica de la facultad, militante trotskista parecida a las rubias alemanas de cara siempre enojada y pelo corto del Baader-Meinhof. Esta vez estaba con un vestido sobrio, peinado de peluquería, labios pintados, y un paquetito en la mano con algún postre para la cena. Irreconocible, como yo: los dos arregladitos y contentos para encontrar a los seres queridos.

Gosto muito dos Beatles, mas na postura pública, sempre achei John Lennon um sujeito tolo. Diferentemente dos outros três, mais discretos, ele atuava como adolescente obcecado por chocar os adultos (leia-se os estabelecidos de turno), buscando obter sua atenção e reconhecimento, mesmo que fosse pela rejeição. Por isso, neste mês de aniversário do seu assassinato, prefiro lembrá-lo pelo que compôs e interpretou.

Sempre que ouço Frank Sinatra cantando “Everybody Loves Somebody Sometime”, penso que essa frase se aplica rigorosamente a todas as pessoas em todas as épocas. Até os monstros mais notórios da história universal da infâmia “Loves Somebody Sometime”.

En 1933, Gardel, Le Pera y Battistella lanzaron el tango Melodía de Arrabal, y en una de sus estrofas, nos cuentan sus recuerdos: “En tus muros con mi acero, Yo grabe nombres que quiero: Rosa, la milonguita…Era rubia Margot…En la primera cita, la paica Rita me dio su amor”. Parece ser que en los años treinta el amor libre era practicado y cantado sin recelos en los barrios populares de Buenos Aires.

Não me canso de ouvir Vai Passar, de Chico Buarque, especialmente a parte em que diz “Seus filhos erravam cegos pelo continente, levavam pedras feito penitentes, erguendo estranhas catedrais”. Uma imagem viva e crua do significado da colonização.

Em Cuesta Abajo, Gardel muda a entonação quando canta “Si aquella boca mentía el amor que me ofrecía, por aquellos ojos brujos habría dado siempre más”, revelando o “varão” portenho 1930, despeitado, mas paternal e protetor. Interpretando a mesma canção, Caetano Veloso não altera o tom. Outro estilo e contexto, sem drama ou “traição” que emocione a hibridez cultural pós-1968. Ouvir Caetano e Gardel é sempre uma experiência única.

Si Antonio Machado escribiera, como al comienzo del siglo XX, “amé cuanto ellas puedan tener de hospitalario”, ¿seria cuestionado por colocar a la mujer como objeto? Puede ser, pero cuanta expresividad en tan pocas palabras.

También fue expresivo Pablo Neruda cuando enaltece a la mujer escribiendo “eres para mí suculenta como una panadería”. Aquí no caben especulaciones de machismo como con Machado, se trata de la mujer-objeto, pero de deseo.

Inventário de supérfluos a manter sepultados, aproveitando o distanciamento provocado pelas férias: Desfiles, paradas e coreografias que expressam, divulgam, vendem e empoderam modas, identidades, orgulhos e instituições. Cerimônias para expressar admiração, honra, dedicação e demais atributos que recriam e hierarquizam virtudes humanas. Certamente há muitos mais, à vontade para aumentar a lista…